Premonição de Um Futuro Passado
E de repente, parado num sinal em frente ao Jardim Zoológico, deu-me uma vontade enorme de te abraçar; de te ter colada a mim, de te olhar, e de saber que estás bem.
Não passava aqui há muitos anos, desde a minha última noite em Lisboa. Lembro-me como se tivesse sido ontem! O nosso jantar, as nossas conversas, os nossos medos, sonhos, e desejos… “Não! Claro que não vamos deixar que a distancia nos separe!” ”Promete-me que não vais desaparecer da minha vida..”
É estranho como só passo aqui de noite. Por momentos esqueço-me de onde venho, para onde vou, onde estive e com quem estive. Esqueço tudo e perco-me no passado, em hipóteses, em e se’s… “e se isto não tivesse sido assim?!” “e se aquilo não tivesse acontecido daquela maneira?!” “e se nada disto tivesse acontecido de todo!?”
À noite os pensamentos correm melhor, tornam-se mais claros, mas ao mesmo tempo são mais traiçoeiros. Levam-nos a sítios que pensámos não visitar mais. Abrem portas que há muito julgávamos trancadas, e mostram-nos as coisas de uma maneira mais clara, mais directa, mais fria como a noite.
Não sei quanto tempo andei perdido neste passeio, ou se, se quer estive mesmo parado enquanto pensava nisto e em ti. Há anos que não vinha a Portugal e há anos que não sei nada de ti; e no entanto, parado naquele sinal encarnado, vi-te!
De um momento para o outro deixou de ser noite cerrada, as ruas deixaram de estar desertas, e o barulho invadiu o Mundo. Da janela do carro vejo-te à porta do Jardim Zoológico, à espera do autocarro, acompanhada por alguém cuja cara não consigo distinguir ou reconhecer, mas vejo a tua felicidade. Chove torrencialmente e tu ris, abraças a tua companhia, beijam-se e dançam à chuva. Alheios a tudo, alheios a todos, e brincam um com o outro como se não houvesse amanhã, e de repente, param! Assisto a tudo sem pestanejar, absorvo cada detalhe de luz, cada som, cada cor… E no meio de tudo isto sinto-me mal. Começo por sentir uma, depois outra, e finalmente uma torrente de lágrimas escorre pela minha cara. Ao mesmo tempo que me sinto mal ao observar-te, continuo sem desviar o olhar ou pestanejar. Tenho medo de perder qualquer coisa. Como um voyeur olho tudo com a maior atenção; invado o teu espaço; destruo a tua privacidade com um simples olhar, e mesmo assim não me vês. Continuas na tua calma a rir e a dançar à chuva sem medo do que vem a seguir, sem medo dos olhares estranhos de todos os que te rodeiam, segura… Mas… Tão depressa como começaste, paras. Consigo ouvir uma frase solta dita no meio de todo o barulho e de todo o caos enquanto se olham nos olhos:
“Promete-me que não vais desaparecer da minha vida…!”
Um arrepio invade-me o corpo! Suores frios começam a correr, da ponta dos pés até aos cabelos, e cada nervo do meu corpo treme, responde a algo que não sabe dizer o que é, e ao mesmo tempo que tudo isto se passa, a chuva para, o barulho acaba, as ruas ficam desertas, a noite continua cerrada e o mesmo sinal encarnado.
As lágrimas não param de correr e agora tenho um carro ao meu lado que arranca assim que o sinal fica verde.
Arranco também, devagar, confuso, com vontade de limpar a cabeça e as ideias. Penso na minha família, nos meus filhos, na enorme vontade de te dar um abraço….
Acabámos mesmo por desaparecer da vida um do outro. Como é que deixámos isto acontecer?
Não passava aqui há muitos anos, desde a minha última noite em Lisboa. Lembro-me como se tivesse sido ontem! O nosso jantar, as nossas conversas, os nossos medos, sonhos, e desejos… “Não! Claro que não vamos deixar que a distancia nos separe!” ”Promete-me que não vais desaparecer da minha vida..”
É estranho como só passo aqui de noite. Por momentos esqueço-me de onde venho, para onde vou, onde estive e com quem estive. Esqueço tudo e perco-me no passado, em hipóteses, em e se’s… “e se isto não tivesse sido assim?!” “e se aquilo não tivesse acontecido daquela maneira?!” “e se nada disto tivesse acontecido de todo!?”
À noite os pensamentos correm melhor, tornam-se mais claros, mas ao mesmo tempo são mais traiçoeiros. Levam-nos a sítios que pensámos não visitar mais. Abrem portas que há muito julgávamos trancadas, e mostram-nos as coisas de uma maneira mais clara, mais directa, mais fria como a noite.
Não sei quanto tempo andei perdido neste passeio, ou se, se quer estive mesmo parado enquanto pensava nisto e em ti. Há anos que não vinha a Portugal e há anos que não sei nada de ti; e no entanto, parado naquele sinal encarnado, vi-te!
De um momento para o outro deixou de ser noite cerrada, as ruas deixaram de estar desertas, e o barulho invadiu o Mundo. Da janela do carro vejo-te à porta do Jardim Zoológico, à espera do autocarro, acompanhada por alguém cuja cara não consigo distinguir ou reconhecer, mas vejo a tua felicidade. Chove torrencialmente e tu ris, abraças a tua companhia, beijam-se e dançam à chuva. Alheios a tudo, alheios a todos, e brincam um com o outro como se não houvesse amanhã, e de repente, param! Assisto a tudo sem pestanejar, absorvo cada detalhe de luz, cada som, cada cor… E no meio de tudo isto sinto-me mal. Começo por sentir uma, depois outra, e finalmente uma torrente de lágrimas escorre pela minha cara. Ao mesmo tempo que me sinto mal ao observar-te, continuo sem desviar o olhar ou pestanejar. Tenho medo de perder qualquer coisa. Como um voyeur olho tudo com a maior atenção; invado o teu espaço; destruo a tua privacidade com um simples olhar, e mesmo assim não me vês. Continuas na tua calma a rir e a dançar à chuva sem medo do que vem a seguir, sem medo dos olhares estranhos de todos os que te rodeiam, segura… Mas… Tão depressa como começaste, paras. Consigo ouvir uma frase solta dita no meio de todo o barulho e de todo o caos enquanto se olham nos olhos:
“Promete-me que não vais desaparecer da minha vida…!”
Um arrepio invade-me o corpo! Suores frios começam a correr, da ponta dos pés até aos cabelos, e cada nervo do meu corpo treme, responde a algo que não sabe dizer o que é, e ao mesmo tempo que tudo isto se passa, a chuva para, o barulho acaba, as ruas ficam desertas, a noite continua cerrada e o mesmo sinal encarnado.
As lágrimas não param de correr e agora tenho um carro ao meu lado que arranca assim que o sinal fica verde.
Arranco também, devagar, confuso, com vontade de limpar a cabeça e as ideias. Penso na minha família, nos meus filhos, na enorme vontade de te dar um abraço….
Acabámos mesmo por desaparecer da vida um do outro. Como é que deixámos isto acontecer?
Nuno Geraldes Barba©
(Registo IGAC #786/06)
3 Comments:
tinha imensa coisa que até podia dizer, se os meus comentários não fossem "pouco inteligentes"...sendo assim limito-me a dizer que gosto de ti.só.grande beijinho!
querido nuno. apesar de teres dito que "são muitos" comecei a ler e fui-me perdendo.. falas de sonhos, falas de medos. quase que os consigo sentir também. mas este texto tocou-me de uma maneira especial que não sei bem explicar. consegui ver a chuva, as danças.. consegui sentir o cheiro da noite e o quentinho das lagrimas. gostei muito. muitos parabens querido. um grande beijinho desta fã :)
cidades já desconhecidas e calor e cheiros revisitados de abraços...como nunca, abraços como nunca e essa memoria nao desaparece, como se sabe...
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