Thursday, December 20, 2007

Feliz Natal

Hoje acordei e senti que era um dia especial. Não sei muito bem o que foi, ainda não descobri a razão do meu sentimento, mas sei que é muito forte e sabe bem.
Acordei calmo e em paz, rodeado de alegria, carinho e gente feliz.
É tão estranho que hoje em dia, em tempo de guerras e tantas tristezas haja pessoas com a coragem de serem felizes.
Estava eu a pensar nisto quando me lembrei de um sonho que tive há uns tempos....
Muitas pessoas atarefadas preparavam uma festa. Uma festa de anos para uma criança. Era um Menino que fazia anos. Era tudo tão bonito. Na noite em que Ele nasceu, na noite dos Seus anos, toda a gente se juntou para Lhe dar presentes e os parabéns. Porquê, se não O conhecem?!
Foi aí que percebi que não é preciso conhecer-se o Menino para ser feliz. Não é preciso conhecê-Lo para dar presentes ou festejar os seus anos. A única coisa de que precisamos é de Fé e Esperança.
Todos os anos, por esta altura, milhões de pessoas à volta de todo o Mundo festejam o nascimento do Menino Jesus. Todos os anos no Natal, milhões de pessoas à volta do Mundo recebem uma oportunidade de começar de novo e de se sentirem crianças outra vez.
É neste momento de paz e amizade que temos de dar graças a Deus por estarmos juntos e agradecer o facto de podermos ser felizes junto de quem mais gostamos e de quem mais gosta de nós. Nem que seja só por um dia....

Nuno Geraldes Barba©
(Registo IGAC #786/06)

Monday, December 17, 2007

Homenagem

Faz hoje um ano que partiste. E como há um ano, no dia de hoje os relógios não deram horas. O sol não brilhou com mais força. Os pássaros não cantaram mais alto, nem o mar se revoltou mais do que é costume. Nas ruas as pessoas não se apressaram mais. O trânsito não parou, nem as pessoas sentiram a tua falta.
Em tua casa a tua cadela sentiu.

Faz hoje um ano que partiste. E como há um ano, no dia de hoje, todos nos reunimos, vestidos de cores escuras ou neutras. Todos celebrámos a vida e te prestámos homenagem como seria de esperar. Mas mais uma vez, os pássaros não cantaram mais alto. O sol não brilhou com mais força nem nas ruas as pessoas se deram conta de que alguma coisa se passava de anormal.

Faz hoje um ano que partiste e lembro-me desse dia como se fosse ontem. Aliás, para mim, é como se tivesse sido. Lembro-me de toda a sequência de eventos que levaram desse dia ao dia seguinte, e lembro-me de todas as pessoas que mobilizaste como só tu sabias fazer!

Lembro-me de ti todos os dias, e sei que há muito mais gente que como eu também se lembra. Até chego mesmo a pensar, ou arriscar escrever, que todos nós nos lembramos de ti a cada hora. Mas não sei se será verdade. Eu sei que cá em casa, é!

Faz hoje um ano que partiste e embora todos pensemos em ti todos os dias, poucos sabem a falta que verdadeiramente fazes a todos nós. Por todas as razões e mais alguma. Desde a companhia a tomadas de decisões. Desde de passeios à sombra a negócios fantásticos. Fossem conselhos, ou simples conversas de circunstância, nunca ninguém conseguirá ter o poder que tiveste, e a presença que te eram tão características.

Sempre bem vestido. Sempre bem posto. Fosse em que circunstancia fosse. Fosse porque razão fosse.

Há um ano tudo era diferente. Há um ano todos éramos mais fortes, e menos frios. Há um ano… Há um século. Há um segundo…

Foi como se tivesse sido de um segundo para o outro, embora já todos o esperássemos. Quiseste ver-nos a todos antes de ires mas não conseguiste. Pelo menos, por carta, lá disseste até já a cada um de nós, e sobretudo, aos teus filhos mais queridos.

Como seria de prever, deixaste tudo escrito e preparado para a tua partida. Só tu serias capaz de uma coisa dessas. Sempre preocupado com o bem-estar de todos, abdicaste muitas vezes do teu próprio e como o verdadeiro herói que eras, puseste tudo e todos na linha, mesmo que para isso tivesses que ter criado ou quebrado laços que um dia se hão de voltar a atar.

Faz hoje um ano que partiste. Para trás ficaram os almoços ao Sábado. As mesas cheias de gente no Natal. O passeios à sombra de tantas árvores que tanto amaste desde pequeno. Os cães. O leão. Os museus que com todo o teu amor e dedicação criaste. E as histórias. As histórias que só tu sabias contar. Que só tu viveste e das quais te lembravas como se tivessem acontecido ontem.

Passou-se um Verão, e tu não estavas cá. Chegou o Outono, as vindimas, de que tanto gostavas. Está quase a chegar o tempo das éguas terem poldros e a nada disso poderás assistir. Pelo menos não aqui, connosco, a fazer-nos companhia.

Passeio muitas vezes sozinho por aqueles caminhos e aquelas estradas que mandaste abrir e sinto-te lá comigo. Perto de mim. Oiço palavras tuas no restolhar das folhas. Vejo a tua cara em cada obra porque passo. E sei que tudo só está ali porque tu concretizaste um sonho de criança. Porque sempre lutaste para que todos tivéssemos tudo, e para que esse tudo fosse o melhor a que tínhamos direito.

Criaste um legado ao longo dos anos. Criaste um nome que para sempre ficará na história. Uma marca que será lembrada durante longos anos e serve de guia e inspiração a muitos de nós que te admiravam e te tinham como um herói. Que na verdade eras….

Faz hoje um ano que partiste, e como há um ano, os relógios não atrasaram. Não deram horas. As pessoas não prestaram homenagens. Os pássaros não voaram mais alto. Nem o sol brilhou com mais força por entre as nuvens. Só nós é que soubemos que dia era hoje. E só nós é que te homenageámos da melhor maneira que encontrámos e da única em que fomos ensinados.

Faz hoje um ano que partiste e ainda não acredito que seja verdade. Sou obrigado a acreditar por causa de tudo o que se passa à minha volta. Mas sei que lá de cima, ou à nossa volta, estejas onde estiveres, estás a olhar por todos nós, preocupado, e com vontade de ajudar e participar como era o teu costume.

Ao longo deste ano, pouco se falou sobre o passado, sobre o futuro ou sobre o presente. Cada um tomou para si o que aconteceu e um a um lidámos com isso da melhor forma que encontrámos. Escrevendo. Lendo. Conversando….

Faz hoje um ano que partiste e para trás ficaram os passeios à sombra das tuas árvores. As histórias perto dos teus quadros, ou dos teus azulejos. As conversas à porta de casa antes do almoço e antes de voltares para Cascais. As salas cheias em dias de festa e o frenesim de visitas que tinhas todos os fins-de-semana.

Faz hoje um ano… E a tua história ainda está por contar. Por escrever… Por filmar…
Faz hoje um ano e ainda ontem aqui estavas. Há um século. Há um ano. Há um segundo.

Nuno Geraldes Barba©
(Registo IGAC #786/06)
20.11.2007